A
Anatel só ouviu críticas hoje, 20, durante a audiência pública que promoveu
para debater a sua proposta de acabar com a exigência de licença de
telecomunicações para os pequenos provedores de serviço. Para os dirigentes da
Abrint (associação brasileira dos provedores de internet e telecomunicações),
Abranet (associação brasileira de internet) e Confea (Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia) o fim da exigência ao licenciamento é “uma desburocratização
mal elaborada”
Para
Bazílio Peres, diretor de regulação da Abrint,
sem a exigência do licenciamento a Anatel deixará de contar com
informações que lhe permitem fazer estudos estatísticos e elaborar políticas
públicas. O executivo assinala que sem a outorga da agência, as pequenas
empresas não poderão recorrer a diversos instrumentos pró-competição criados
pela própria Anatel, que só alcançam as operadoras licenciadas. Entre eles, o acesso às ofertas dos preços de banda larga
do atacado oferecido pelo sistema SNOA ou o compartilhamento dos postes com as
concessionárias de energia elétrica. “Sem a licença, a Anatel acabará jogando
contra os pequenos, que deixarão de contar com a proteção do regulador”,
afirmou o executivo.
Conforme
a consulta pública nº 23 da Anatel, que modifica o Regulamento sobre
Equipamentos de Radiocomunicação de Radiação Restrita e altera os Regulamento
dos Serviços de Telecomunicações, o Regulamento de Gestão da Qualidade do
Serviço Multimídia, o Regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia e o
Regulamento do Serviço Limitado Privado, os provedores de serviços de internet
e de telecomuncicações com até cinco mil clientes passariam a não precisar mais
de licença da agência para prestar o serviço. Além disso, os equipamentos de
radiação restrita, como o WiFi, que ocupam frequências não licenciadas, também
deixariam de precisar de licenciamento da agência para funcionar.
Para o
presidente do conselho consultivo da Abranet, Eduardo Nager, a agência deveria
simplificar as exigências e obrigações das empresas licenciadas, que criam
obstáculos para o desenvolvimento das pequenas empresas, sem perder de vista os
direitos dos usuários. Já Alfredo Diniz, do Confea, argumentou que a proposta
da agência seria inconstitucional, já que a Constituição afirma que cabe à
União a exploração do serviço de telecomunicações por meio de “autorização” ou
“concessão”.
O
gerente geral de regulação da Anatel Vitor Pasqualli, afirmou, por sua vez, que
o objetivo da Anatel é ampliar a competição, e a inclusão digital,
principalmente nos pequenos municípios brasileiros. Ao deixar de exigir a
licença, a agência sabe que está também diminuindo os custos do empreendedor.
Ele observou que os argumentos de que a qualidade do serviço irão cair com essa
medida não se justificma, tendo em vista que, atualmente, mesmo os provedores
licenciados com até 50 mil clientes não precisam se adequar às regras de
qualidade estabelecidas pela agência.
Uma
única voz, durante a audiência, apoiou a ideia do fim da licença, um provedor de serviço de SLP, mas ele queria
mais frequência em UHF para hospitais. As contribuições à consulta pública
devem ser entregues à Anatel até o próximo dia 9 de novembro.
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