Os
preços praticados pelas distribuidoras de energia elétrica Brasil
afora voltaram a ser alvo de crítica pelos provedores regionais de
acesso à internet, hoje, durante a sétima edição do ISP, encontro
realizado pela Associação Brasileira de Provedores de Internet e
Telecomunicações (Abrint).
Durante
o evento, os provedores reclamavam das incertezas jurídicas que
envolvem a resolução número 4, do ano passado, e que determina
como preço de referência R$ 3,19 por poste. Para muitos, o preço é
ainda alto. Mas, antes de pensar no valor de referência, é preciso
garantir a isonomia. “Há casos de provedores pagando R$ 18″,
ressalta Basílio Perez, presidente da Abrint.
Segundo
levantamento da Aneel, a maioria dos contratos de aluguel de
infraestrutura define R$ 5 como preço por poste. É o preço
definido em 41% dos contratos. Já 21% dos provedores pagam R$ 7, 13%
pagam R$ 9, 14% pagam R$ 12, e 2% pagam mais que isso. Apenas 9% dos
contratos têm valor inferior a R$ 2,5. O levantamento mostra como o
preço de referência está longe de ser uma realidade.
A
Anatel e a Aneel aproveitaram a oportunidade para divulgar dados
sobre os trabalhos da Comissão de Arbitragem, criada em abril para
resolver os conflitos em torno do compartilhamento de infraestrutura.
Desde que começou a funcionar, a Comissão julgou sete casos.
Destes, apenas um foi interposto este ano (GVT vs. CELG). Os demais
se referiam a processos que corriam nas agências há até três
anos. Em todas as decisões envolvendo preços, a comissão decidiu
pela cobrança do preço de referência para solucionar o conflito.
O
superintendente de regulação dos serviços de distribuição da
Aneel, Carlos Mattar, gerou reação ao lembrar que o valor de
referência é uma referência. Por isso, não garante a redução
dos valores. “A resolução não diz que é para as distribuidoras
e provedores, obrigatoriamente, renegociarem os contratos. Mas, se
você tem um problema para negociar, deve ir à comissão”, disse.
A
criação da Comissão de Arbitragem era um dos grandes objetivos que
buscavam ser atingidos com a resolução. Outros dois eram a melhor
ocupação dos postes e mais transparência às negociações
entre operadoras e provedores – sejam pequenos ou grandes.
A
transparência ainda carece de definição. Mas a Anatel se mobiliza
para convencer a Aneel a adotar o SNOA para dar visibilidade às
negociações. “Estamos bastante avançados em utilizar o SNOA como
plataforma de negociação dos postes. A plataforma teria todos os
postes disponíveis, com a capacidade excedente das distribuidoras”,
afirma Abraão Balbino e Silva, gerente de monitoramento das relações
entre prestadoras da Anatel. O SNOA é a plataforma digital da Anatel
em que é possível negociar preços de serviços no atacado.
Perez,
da Abrint, cobra mais ação. “O preço deve ser isonômico. Não
existe isso de uma concessionária pagar R$ 0,60 e outro provedor
pagar R$ 10. Não existe nenhum motivo verdadeiro para falarem que
existe economia de escala no caso de uso de muitos postes. As
operadoras concessionárias pagam, em média, na faixa de R$ 0,6, ou
menos, algumas, e provedores pagam, em média, R$ 10. Mas tem
provedor pagando R$ 18″, reclama. Segundo ele, a maioria dos
pequenos provedores usa menos de 2 mil postes. “A média é de
cerca de 500 postes alugados por o pequeno provedor”, calcula.
João
Rezende, presidente Anatel, joga panos quentes sobre a discussão.
“Demorou três anos para aprovarmos a resolução. Algumas empresas
do setor ainda resistem aos preços praticados. Outras estão
seguindo. A intenção nossa é que os conflitos caiam bastante. Vai
haver algumas caneladas, mas isso faz parte do processo de
amadurecimento dessa relação”, disse em seu discurso na abertura
do evento.
Balbino,
da Anatel, ressalta que a tendência dos representantes da agência
na Comissão é votar sempre pelo uso do preço de referência. E
tranquiliza os provedores que temem uma regulamentação técnica da
resolução, no sentido de estabelecer cobrança por cabo drop, por
exemplo. “O fio drop não é cobrado. Alguns usos ainda não estão
bem claros, como a extensão desse cabo. Mas entendemos hoje que não
pode ser cobrado”, falou.
Fonte: Telesintese
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