A discussão
sobre TV por assinatura talvez nunca tenha estado tão em alta. Se de um lado o
número de assinantes dobrou de 10 milhões para 20 milhões em 2014, atualmente o setor vem enfrentando dificuldades com a crise econômica dos últimos meses.
Mas não é somente a crise que anda diminuindo a base de assinantes. Fatores
como o rápido crescimento de canais streaming (Netflix, HBO) e furto de sinal
(conhecido como gato) afetam de maneira crítica o mercado de TV por assinatura.
O cenário não parece favorável, mas, afinal, ainda há futuro para canais a
cabo?
Nesta semana, acontece em São
Paulo a Feira e Congresso da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura
(ABTA) e a pauta principal é justamente discutir estratégias para que
assinantes não cancelem suas assinaturas, algo cada vez mais comum em clientes
domésticos, que optam por deixar a televisão por assinatura com a restrição do
orçamento familiar. A situação parece tão grave que, além da crise, o setor também
está sofrendo com a inadimplência.
Segundo ABTA, a TV a cabo ainda é
a terceira mídia mais consumida no Brasil. O preço do pacote básico caiu
consideravelmente, o que trouxe mais assinantes. Porém, atualmente, não houve
avanços. O presidente da Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel), João
Rezende, recentemente sugeriu que as operadoras de televisão por assinatura
criem pacotes reduzidos, destinados a clientes das classes D e E, evitando que
esses clientes paguem a mais por canais que não assistem.
O caminho para que as TVs por
assinatura sobrevivam parece ser mesmo a criação de pacotes mais
personalizados. Com o crescimento do streaming e conteúdos por demanda, os
clientes, cada vez mais, evitam ser colocados num pacote em que sentem que vão
aproveitar pouca coisa. Não raro, diversos assinantes reclamam que a TV a cabo
oferece uma diversidade de canais interessantes, mas que não atendem aos
interesses de quem assina. Não é mais viável achar que as pessoas ficarão
submetidas a uma grade de programação pré-estabelecida.
Outro problema é que o setor, ao
invés de se unir às novas formas de entretenimento, como internet e streaming,
parece querer brigar para continuar no posto. É necessário que a indústria de
serviços a cabo repense seus negócios. Porém, para o presidente da ABTA, Oscar
Simões, a sugestão de baratear os pacotes, deixando-os mais personalizados,
seria difícil de ser implantada, já que as TV por assinatura necessitam
investir em infraestrutura, custo de aquisição de assinantes, entre outras
coisas.
Está mais do que na hora de
reavaliar a forma como se entrega conteúdos para quem ainda assina televisão a
cabo. Os altos preços fazem com que muitos recorram aos meios ilegais ou apenas
a cancelar o pacote para assinar serviços streaming. Caso o setor continue
dando murro em ponto de faca, poderemos ver mais um produto se tornando
obsoleto, simplesmente por não entenderem que os consumidores não querem mais
ser controlados pela programação, mas o contrário.
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