O tema é realmente delicado, as leis não se adequaram ao novo estilo de vida: temos a vida “real” e a digital. E as duas são entrelaçadas, não há mais uma linha de divisão – um mundo onde devemos seguir regras e outro onde podemos assumir uma nova identidade e não responder por esses atos.
É
quando os direitos e deveres dos cidadãos esbarram na neutralidade da rede que
o assunto esquenta. Claro que a maioria deseja que todos os usuários da rede
tenham o mesmo direito à velocidade e qualidade, que as informações não sejam
avaliadas e filtradas pelos servidores – no entanto, como vamos garantir os
direitos à privacidade e honra se todo e qualquer conteúdo DEVE ser entregue?
O
marco Civil da Internet brasileiro define que os servidores não podem tratar
conteúdos de forma diferenciada mediante pagamentos extras – estimulando a
livre concorrência. Mas não é bem assim que acontece. A internet já é um
mercado extremamente capitalista e cruel, quem paga mais aparece mais, e isso
nem depende de o servidor barrar o conteúdo ou entregar ele mais lentamente, os
serviços de busca e o investimento em publicidade definem quem terá um espaço
mais ao sol.
Um
assunto crítico na minha opinião são os cyber crimes. As leis do código civil
não são aplicadas nem monitoradas eficazmente no âmbito digital. Os crimes de
pedofilia e injúria são muito mais difíceis de serem detectados e punidos.
Outro assunto que deve ser discutido entre a sociedade é a autonomia do estado
para definir o que são situações de “emergência” – casos nos quais os
servidores serão obrigados a dar preferência a certos pacotes de dados em
detrimento de outros. O governo não pode usar isso para fazer propagando
própria e até mesmo censurar notícias que os comprometam?
Escrito por: Carina Bitencourt – diretora de marketing e
qualidade na Fibracem. Formada em administração pela PUC-PR.
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